Considero o vestir uma comunicação por acaso. A nossa intenção ao vestirmo-nos é meramente cobrir o corpo, sem querer com isso transmitir alguma coisa. No entanto, como tudo o que fazemos habitual ou diariamente, acabamos por dar a entender certas ideologias ou sentimentos. Isso passa por mostrar a que cultura, estrato social ou faixa etária pertencemos.
Sendo assim, faz sentido que abordemos o vestir como comunicação e não tanto como forma de expressão. A comunicação proveniente do vestir não tem a ver com o que queremos dizer ao mundo, mas como o mundo nos vê como membro da sociedade. Acaba por não ser uma imposição do nosso individualismo, mas sim do nosso individualismo enquanto grupo cultural. Há, portanto, duas formas de ver o individualismo.
Num grupo há sempre alguém que se destaca, enquanto que todos os grupos se diferenciam uns dos outros. Há a possibilidade de haver pessoas que se destaquem no grupo a que pertencem, podendo ficar mais integrado num grupo a que não pertence. Pode destacar-se de todos os grupos, independentemente de a qual pertencerá. O caso que calculo ser mais comum acaba por ser mesmo o de identidades que se destacam num grupo, mas visto pelos outros grupos é totalmente igual aos outros membros. Isto porque temos o hábito de generalizar e preconceituar, fazendo com que quem não pertence a uma cultura tenha mais dificuldade em reparar no individualismo de alguém inserido nela.
As diferenças visuais mudam conforme a faixa etária, a classe social, a raça, a religião e, principalmente, mudam ao longo da História. O mais provável é eu sentir-me mais desintegrada ao andar de metro com um vestido do séc XVII do que com uma burka.
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